terça-feira, 8 de maio de 2012

IMAGEM TAMBÉM É TEXTO!


Sandra Ramalho, em seu livro: Imagem também se lê, ed. Rosari, nos diz que em cada texto visual, está registrado um discurso. O modo como o autor vive e vê o mundo está evidente na sua criação. A imagem mostra a sua visão de mundo, suas relações com o seu contexto, além da capacidade de manipular os códigos ao qual pertence a imagem. Assim que o leitor ou observador da imagem tem diante de si é o texto estético, que é o próprio universo de sua leitura. Tão logo o criador termine o seu trabalho, ele não mais lhe pertence. A imagem passa a falar por si mesma, independente do que o seu autor quis dizer. o importante é que o leitor da imagem tenha um referencial mínimo para fazer esta leitura.
Vamos exemplificar; Enterro na rede é um dos quadros da série " Os Retirantes" do brasileiro Cândido Portinari, pintado em 1944, série que hoje pertence ao MASP.
O que se vê? Um eixo vertical e duas diagonais que lhe cortam. A posição dos pés indica a forma que está destacada em toda imagem: O ângulo, elemento que vai se repetir sucessivas vezes, algumas delas formando triângulos, como no caso dos pés da mulher central. o ângulo dos braços dessa mulher remete o olhar para seu vértice, no tronco do corpo dela mesma, o qual oculta o centro da rede , lugar onde está o morto. As mulheres mesmo que não se vejam a expressão dos seus rostos e mesmo que não vertam lágrimas mostram forte emoção através do seu gestual. A forma assumida pelo morto, na tela, não parece a de um ser humano, mas de um volume qualquer. Enterro na rede é um título que facilita o acesso aos inúmeros significados da obra. Logo esse texto visual é favorecido pelo texto verbal.
Simplificando, para haver uma leitura de imagem é preciso que o leitor esteja alfabetizado esteticamente, ou seja, que domine um mínimo dos códigos necessários para esta leitura.

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